BIOPOLÍTICAS DE HIV/AIDS NO BRASIL: uma análise dos anúncios televisivos das campanhas oficiais de prevenção (1986 - 2000)

Descrição

Esta tese analisa um conjunto de anúncios televisivos das campanhas oficiais de prevenção ao HIV/AIDS, entre os anos de 1986 e 2000, sob a inspiração teórica dos estudos culturais em educação e dos estudos acerca da governamentalidade e do risco. A análise, em um nível macro, tornou possível identificar um deslocamento quanto ao tipo de discurso vigente relativamente às estratégias de prevenção: de um discurso publicitário (mais) biomédico para outro que caracterizei como um discurso publicitário (mais) comercial, pautado nas estratégias do marketing social. Considerando esse deslocamento e a partir de um certo modo de fazer (ver) (isto é, de uma metodologia explorada no detalhe), analisei dezesseis anúncios organizados segundo três perguntas/categorias: “Como se dá a transmissão do HIV?”; “Em que período a transmissão ocorre?” e “Quais são as estratégias utilizadas pelos anúncios para promover a prevenção da transmissão do HIV?”. Essas perguntas/categorias, especialmente a última delas, centraram a análise nas seguintes dimensões: a transmissão em cadeia do HIV, bem como junto a DSTs; o recorrente lançamento de campanhas de prevenção no período de carnaval e as suas transformações ao longo do tempo; a ênfase na redução de parceiros sexuais e o tom moralista associado a essa recomendação, especialmente presente no final dos anos 1980; o uso do medo, da culpa e da responsabilização e, por outro lado, do humor como estratégias de prevenção; o empowerment feminino e o imperativo da negociação do uso do preservativo; e, por fim, a propaganda conceitual do preservativo, apresentado como sinônimo de sexo seguro. Analiso, ao final, como o governo da vida individual –e a centralidade da ação individual preconizada nos anúncios televisivos das campanhas oficiais de prevenção– torna-se, nas estratégias pautadas na governamentalidade e no risco, vital ao governo da vida coletiva. Em outras palavras, que o investimento sobre o indivíduo, depositando nele a possibilidade de “se prevenir” do HIV/AIDS, é o modo como se pode fazer que, no todo, se modifique o perfil de uma epidemia.

Data

Direitos

Produção Externa

Referência

LUÍS HENRIQUE SACCHI DOS SANTOS, “BIOPOLÍTICAS DE HIV/AIDS NO BRASIL: uma análise dos anúncios televisivos das campanhas oficiais de prevenção (1986 - 2000),” Repositório de Projetos de Pesquisa de Acesso Livre, acesso em 23 de janeiro de 2025, https://repositorio.ecos.unb.br/items/show/82.

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